quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Exercício referente à aula de Identificação de Bactérias.

             Cite os métodos que podem ser utilizados na identificação de uma bactéria entérica recém-isolada, empregando métodos microbianos clássicos.

Resposta: Utilizando a bactéria entérica Escherichia coli, temos os seguintes métodos e seus respectivos resultados:

Fenol (+);
Hidrólise amido (-);
Hidrólise caseína (-);
Hidrólise gelatina (-);
Teste de Indolil (+);
Metil Red (+);
Voges-Proskauer (-);
Citrato (-);
Urease (-);
Beta-galactosidase (+);
NItrato (+);
Pressão Osmótica (+);
Tolerância a Sódio (-).

A Importância do Mapa de Risco na atividade em Saúde

          O mapa de risco é a representação gráfica do local de trabalho onde são registrados os riscos ambientais, suas naturezas e intensidades, estando estes vinculados, direta ou indiretamente ao processo, organização e ás condições de trabalho capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores.

Ele deve ser de fácil visualização e estar afixado em locais acessíveis no ambiente de trabalho para informação e orientação quanto as principais áreas de risco para todos que atuem ou transitem pelo local.

No Mapa de Risco, círculos de tamanhos e cores diferentes identificam os locais e fatores que podem gerar situações de perigo pela presença de agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes, conforme as figuras apresentadas.


Os principais benefícios dos mapas de risco são:

ž  Prevenção quanto aos riscos existentes nos locais de trabalho aos quais os trabalhadores poderão estar expostos;

ž  Favorecer o uso adequado das medidas e dos equipamentos de proteção coletiva e individual;

ž  Redução de gastos com acidentes e doenças, medicação, indenização, substituição de trabalhadores e danos patrimoniais;

ž  Otimizar a gestão de saúde e segurança no trabalho com aumento da segurança interna e externa; e

ž  Melhoria do clima organizacional, maior produtividade, competitividade e lucratividade.

 


 





Referências:



MATTOS, U.A.O.; FREITAS, N.B.B. Mapa de Risco no Brasil: As limitações da Aplicabilidade de um modelo Operário. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v10n2/v10n2a12.pdf>. Acesso em: 24 out. 2011.


Boas Práticas Laboratoriais (BPL)


Atualmente nos laboratórios clínicos a coleta é um setor preocupante, pois é o local onde é registrado o maior número de acidentes, devido ao uso de agulhas e outros materiais pérfuro-cortantes.
Para evitar tais acidentes são necessárias algumas medidas que devem ser tomadas por todos os profissionais da saúde bem como a realização dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP’s) para serem seguidos:

  •  Conhecer as regras para o trabalho com agente patogênico;
  •  Conhecer os riscos biológicos, químicos, radioativos, tóxicos e ergonômicos com os quais se tem contato no laboratório;
  • Ser treinado e aprender as precauções e procedimentos de biossegurança;
  •  Seguir as regras de biossegurança;
  • Evitar trabalhar sozinho com material infeccioso: uma segunda pessoa deve estar acessível para auxiliar em caso de acidente;
  • Todo profissional da saúde deve estar em dia com a vacinação. As principais vacinas são: tétano, difteria e coqueluche, hepatite A e B, varicela, influenza, meningite C, sarampo, cachumba e rubéola;
  •  Manter o laboratório limpo e arrumado, devendo evitar o armazenamento de materiais não pertinentes ao trabalho do laboratório;
  •  Limitar o acesso aos laboratórios, restringindo-o nos laboratórios de níveis de contenção 3 e 4;
  • Não permitir crianças no laboratório;
  • Esclarecer mulheres grávidas ou indivíduos imunocomprometidos que trabalham ou entram no laboratório quanto aos riscos biológicos;
  • Mantenha a porta do laboratório fechada;
  • Usar roupas protetoras de laboratório (uniformes, aventais, jalecos, máscaras) que devem estar disponíveis e ser usados inclusive por visitantes;
  • Usar luvas sempre que manusear material biológico;
  • Retirar o jaleco ou avental antes de sair do laboratório;
  • Não usar sapatos abertos;
  • Usar óculos de segurança, visores ou outros equipamentos de proteção facial sempre que houver risco de espirrar material infectante ou de contusão com algum objeto;
  • Não aplicar cosméticos;
  • Não retirar canetas ou qualquer outro instrumento do laboratório sem descontaminar antes;
  • Não mastigar lápis/caneta e não roer as unhas;
  • Evitar o uso de lentes de contato. Se houver necessidade de usá-las, proteja os olhos com óculos de segurança;
  • Cabelos compridos devem estar presos durante o trabalho. O uso de jóias ou bijuterias deve ser evitado;
  • Lavar as mãos sempre após manipulação com materiais sabidamente ou com suspeita de contaminação;
  • Lavar as mãos sempre após remoção das luvas, do avental ou jaleco e antes de sair do laboratório;
  • Nunca pipetar com a boca. Usar pêra ou pipetador automático;
  • Restringir o uso de agulhas, seringas e outros objetos pérfuro-cortantes;
  • Extremo cuidado deve ser tomado quando da manipulação de agulhas para evitar a auto-inoculação e a produção de aerossóis durante o uso e descarte;
  • Não transitar nos corredores com material patogênico a não ser que esteja acondicionado conforme normas de biossegurança;
  • Não fumar, não comer, não beber no local de trabalho onde há qualquer agente patogênico;
  • Não estocar comida ou bebida no laboratório (De acordo com a NR-32 de 16.11.05);
  • Nunca usar vidraria quebrada ou trincada;
  • Descontaminar a superfície de trabalho sempre que houver contaminação com material infectante e no final do dia, de acordo com as rotinas estabelecidas no manual de limpeza e desinfecção;
  • Descontaminar todo material líquido ou sólido antes de reusar ou descartar;  
  • O símbolo internacional de biossegurança deve estar fixado na entrada dos laboratórios que manipulam microrganismos de risco 2 ou maior; 

 
  • Evite o hábito de levar as mãos à boca, nariz, olhos, rosto ou cabelo;
  • Não mantenha plantas, bolsas, roupas ou qualquer outro objeto não relacionado com o trabalho dentro do laboratório (objetos de uso pessoal não devem ser guardados no laboratório);
  • As unhas devem ser curtas, bem cuidadas e não podem ultrapassar a ponta dos dedos. Preferencialmente sem conter esmalte, pois libera micro fraturas;
  • Use cabine de segurança biológica para manusear material infeccioso ou materiais que necessitem de proteção contra contaminação;
  • Utilize dispositivos de contenção ou minimize as atividades produtoras de aerossóis. Ex: centrifugação;
  • Qualquer pessoa com corte recente, com lesão na pele ou com ferida aberta (mesmo uma extração de dente), devem abster-se de trabalhar com patógenos humanos;
  • Coloque todo o material com contaminação biológica em recipientes com tampa e a prova de vazamento, antes de removê-los de uma seção para outra do laboratório;
  • Descontaminação por autoclavação ou por desinfecção química, todo o material com contaminação biológica;
  • Descontamine todo equipamento antes de qualquer serviço de manutenção; 
  • Saiba a localização do mais próximo lava olhos, chuveiro de segurança e extintor de incêndio. Saiba como usá-los;
  • Mantenha preso em local seguro todos os cilindros de gás, fora da área do laboratório e longe do fogo;   
  • Todo novo funcionário ou estagiário deve ter treinamento e orientação específica sobre Boas Práticas Laboratoriais e Princípios de Biossegurança aplicados ao trabalho que irá desenvolver; 
  • Qualquer acidente com exposição a material infectante deve ser imediatamente comunicado à chefia do laboratório, registrado em formulário específico e encaminhado para acompanhamento junto a Comissão de Biossegurança da Instituição, para as medidas cabíveis.

 
  • Referências:

    R . I S H A K , A . C . L I N H A R E S  & M. O. G . I S H A K. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo 31 (2): 126-131, março-abril, 1989. BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rimtsp/v31n2/11.pdf. Acessado em 20 de outubro de 2011

     SEIXAS, FABIANA KÖMMLING. Biossegurança em laboratórios de pesquisa. Disponível em: www.ufpel.edu.br/cenbiot/Biosseguranca%20%201.ppt. Acessado em 20 de outubro de 2011.

    Dra. MARTINS, Adriana Sotero. Biossegurança uma necessidade nas Instituições de CT&I do Amazonas. Disponível em:
    www.cgee.org.br/atividades/redirect.php?idProduto=2120. Acessado em 22 de outubro de 2011.

    Cícero, Luciana Di. Histórico da biossegurança no Brasil. Diretora Científica da ANBIO. Simpósio sobre Biossegurança de Organismos Genéticamente Modificados. Disponível em: www.direxlim.fm.usp.br/download/Dra.%20Luciana%20Di%20Ciero.pdf
     Acessado em 22 de outubro de 2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Histórico da Biossegurança



Os registros apontam que entre os anos 40 e 50, vários pesquisadores estudaram infecções humanas com vírus e bactérias adquiridas nos locais de trabalho, seja por exposição direta ou indireta ao agente infeccioso.
Na década de 40, o Governo dos EUA iniciou no chamado Forte Detrick, um programa tendo por objetivo a preparação para a guerra biológica. A preocupação veio com o uso de foguetes pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, os quais poderiam ser utilizados como veículo para a Guerra Biológica. Neste Forte foi construída a primeira instalação de segurança dedicada ao trabalho com agentes biológicos, a chamada “Black Maria”, um laboratório unicamente dedicado ao trabalho em contenção (trabalho realizado em regime estritamente fechado, sem qualquer possibilidade de comunicação com o meio externo).
Figura 1: Fotografia do primeiro laboratório de segurança biológica, o “Black Maria”, nas instalações do Forte Detrick, nos EUA.

            A biosseguranca constitui uma área de conhecimento relativamente nova, regulada em vários países por um conjunto de leis, procedimentos ou diretrizes especificas.
A segurança dos laboratórios e dos métodos de trabalho transcende aos aspectos éticos implícitos nas pesquisas com manipulação genética. Medidas de biosseguranca específicas devem ser adotadas por laboratórios e aliadas a um amplo plano de educação baseado nas normas nacionais e internacionais quanto ao transporte, a conservação e a manipulação de microorganismos patogênicos.
            Laboratórios de microbiologia são, com freqüência, ambientes singulares de trabalho que podem expor as pessoas próximas a eles, ou que neles trabalham, a riscos de doenças infecciosas identificáveis. As infecções contraídas em um laboratório tem sido descritas por meio da historia da microbiologia. Os relatórios de microbiologia publicados na virada do século descreveram casos de tifo, cólera, mormo, brucelose e tétano associados a laboratórios.
Em 1941, Meyer e Eddie publicaram uma pesquisa de 74 casos de brucelose associados a laboratório ocorridos nos Estados Unidos e concluíram que “a manipulação de culturas ou espécies e a inalação da poeira contendo a bactéria Brucella são eminentemente perigosas para os trabalhadores de um laboratório”. Inúmeros casos foram atribuídos a falta de cuidados ou a uma técnica de manuseio ruim de materiais infecciosos.  
Figura 2: Representação da poeira (aerossol) contendo a bactéria Brucella.

Em 1949, Sulkin e Pike publicaram a primeira de uma serie de pesquisas sobre infecções associadas a laboratórios. Eles constataram 222 infecções virais, sendo 21 delas fatais. Em pelo menos um terço dos casos, a provável fonte de infecção estava associada ao manuseio de animais e tecidos infectados. Acidentes conhecidos foram registrados em 12% dos casos relatados.


Em 1951, Sulkin e Pike publicaram a segunda de uma série de pesquisas baseada em um questionário enviado a 5.000 laboratórios. Somente um terço dos 1.342 casos citados foi relatado na literatura. A brucelose era a infecção mais freqüentemente encontrada nos relatórios em relação as infecções contraídas em um laboratório e, juntamente com a tuberculose, a tularemia, o tifo e a infecção estreptocócica, contribuía para 72% de todas as infecções bacterianas e 31% das infecções causadas por outros agentes.
      O índice total de mortalidade era de 3%. Somente 16% de todas as infecções relatadas estavam associados a um acidente documentado. A maioria desses estava relacionada ao uso de pipetas, seringas e agulhas. Essa pesquisa foi atualizada em 1965, quando houve um acréscimo de 641 novos casos ou de casos que não haviam sido relatados anteriormente.
      Em 1967, Hanson e colaboradores relataram 428 casos patentes de infecções de arbovírus associados a laboratório. Em alguns casos, a capacidade de um dado arbovírus de produzir uma doença humana foi primeiramente confirmada como o resultado de uma infecção não-intencional da equipe laboratorial. No caso, os aerossóis infecciosos eram considerados a fonte mais comum de infecção.
Em 1974, Skinholj publicou os resultados de uma pesquisa segundo a qual os funcionários dos laboratórios clínicos dinamarqueses apresentavam uma relatada incidência de hepatite (2,3 casos ao ano por 1.000 funcionários) sete vezes maior que a população em geral. De maneira semelhante, uma pesquisa de 1976, realizada por Harrington e Shannon, indicou que os trabalhadores de laboratórios médicos na Inglaterra apresentavam um risco cinco vezes maior de adquirir uma tuberculose do que a população em geral. A hepatite B e a shigelose também eram conhecidas por serem um continuo risco ocupacional. Junto com a tuberculose, essas eram as três causas mais comuns de infecções associadas a laboratório relatadas na Grã-Bretanha.
Em 1976, houve uma nova atualização, perfazendo um total acumulativo de 3.921 casos. A brucelose, o tifo, a tularemia, a tuberculose, a hepatite e a encefalite eqüina venezuelana eram as infecções mais comumente relatadas. Menos de 20% de todos os casos estavam associados a um acidente conhecido. A exposição aos aerossóis infecciosos era considerada uma fonte plausível, mas não confirmada, de infecção para mais de 80% dos casos em que as pessoas infectadas haviam trabalhado com o agente.
Três casos secundários de varíola foram relatados em dois surtos associados a laboratório, na Inglaterra, em 1973 e 1978. Relatos anteriores de seis casos de febre Q entre os funcionários de uma lavanderia comercial que lavava os uniformes e as roupas de um laboratório que manipulava o agente, um caso de uma pessoa que visitava o laboratório e dois casos de febre Q em contatos domiciliares de um rickettsiologista também foram constatados. Existe o relato de um caso de transmissão do vírus B de um macaco para um tratador de animais infectados e deste para sua esposa, aparentemente provocado pelo contato do vírus com a pele lesionada do individuo.
No Brasil o surgimento da Biossegurança ocorreu a partir de 1984, porém somente em 1995 foi sancionada a Lei da Biossegurança, conforme dados a seguir:

1984: Primeiro Workshop de Biossegurança (em laboratórios) – FIOCRUZ
1986: Primeiro levantamento de risco em laboratórios na FIOCRUZ – INCQS

Década de 90: a Biossegurança começa a ser direcionada para a tecnologia do DNA recombinante. Primeiro projeto de fortalecimento das ações em Biossegurança. - Ministério da Saúde – Núcleo de Biossegurança.
1995: Lei Brasileira da Biossegurança  - Lei n° 8974/95 (estabelece regras para o trabalho com DNA no Brasil, incluindo pesquisa, produção e comercialização de  Organismos Geneticamente Modificados (OGM’s) de modo a proteger a saúde do homem, animais e meio ambiente.
Publicação do Decreto 1752/1995, que formaliza a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio e define suas competências no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia.
1999: fundação da Associação Nacional de Biossegurança – ANBio ( www.anbio.org.br); Ocorreu ainda neste ano, o Primeiro Congresso Brasileiro de Biossegurança.
2000: início da introdução da Biossegurança como disciplina científica no currículo universitário.
2001: CNPq lança programa de indução das ações em Biossegurança.
2005: Regulamentação da lei brasileira de Biossegurança Lei 8974/95.



           
Referências:

Biossegurança em laboratórios de Análises Clínicas. Disponível em: <www.ciencianews.com.br/revistavirtual/trabzochio.pdf.> . Acesso em: 24/10/2011.

Ministério da Saúde. Biossegurança em laboratórios biomédicos e de microbiologia. 3ª Edição revista e atualizada. Série A. Normas e Manuais técnicos. Brasília- DF, 2006.